Salva de Gomos

Nº de referência da peça: 
B316

A GADROONED SALVER
Portuguese silver, early 18th century
Aveiro assay-mark
Goldsmith mark F for Gabriel de Figueiredo
Diam.: 36.5 cm
Weight: 640.0 g

Provenance: Haile Selassie I, Emperor of Abyssinia; Dr. Ricardo Sá Carneiro, Oporto

Inscribed: Engraved IT monogram; "This silver dish was sold by H.M. the Emperor of Abyssinia in London Anno Domini 1936"

Salva de Gomos
Prata portuguesa, inícios séc. XVIII
Marca de ensaiador de Aveiro
Marca de ourives F, Gabriel de Figueiredo
Diâm.: 36,5 cm
Peso: 640,0 g

Proveniência: Haile Selassie I, Imperador da Abissínia; Puttick & Simpson, Londres (1936); Dr. Ricardo Sá Carneiro, Porto (2023)
Inscrições: Monograma "IT" gravado; "This silver dish was sold by H.M. the Emperor of Abyssinia in London Anno Domini 1936" gravado no verso.

B316 and B317 Gadrooned salvers from the former collection of the Emperor of Abyssinia, Haile Selassie I

Both these historical salvers feature identical radial inscriptions to the underside of the central medallion, stating that "This silver dish was sold by H.M. the Emperor of Abyssinia in London Anno Domini 1936", thus revealing one of their former owners.
Dating from the first half of the 18th century, they embody the long relationship between Portugal and the ancient Reign of Abyssinia, which was established from the earliest contact with its territory, in the 16th century, by the Portuguese explorer Pero da Covilhã, in his quest for the Christian kingdom of the mythical Prester John.
Haile Selassie I (1892-1975) was Emperor of Abyssinia from 1930 to 1974. In the 1930s the country was a target for the renewed Imperial endeavours by the then Kingdom of Italy, being eventually invaded in 1935 by Benito Mussolini’s troops. Forced into exile, Selassie I spent four years in the United Kingdom, residing in Fairfield House (1936-1941), in Bath, a property which he donated to the city on his return to Abyssinia. His celebrated speech to the League of Nations, on the subject of his country’s invasion, converted him into an antifascist icon, chosen by Time Magazine to be 1936 Man of the Year.
In that same year, the emperor consigned his English and foreign silver collection, formerly housed in his palace at Harar, to the London auctioneers Puttick & Simpson’s, to be sold off at auction in their premises at the Reynolds Galleries, 47 Leicester Square. Founded by James Fletcher in 1794, the firm would be acquired by Thomas Puttick and William Simpson in 1846, eventually settling at the mentioned address between 1859 and 1937.
Although the purpose of the sale was widely known to be an urgent need for cash flow, it was officially reported to be the lack of a suitable storage location. The collection was eventually auctioned four days before Christmas 1936, raising a total of over £2.530 pounds sterling.
The unequivocal link of these salvers to Emperor Haile Selassie is evidence to the presence of Portuguese civil silverware in the Ethiopian royal collection, and a testimony to the remarkability that justified their collecting and safeguarding.

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Plain round salver of scalloped edge defined by thirty-two concave and grooved radial sections, centred by a medallion encircled by reeded frame. This plain roundel is occupied by the engraved monogram IT and, peripherally to its underside, framed by the engraved note "This silver dish was sold by H.M. the Emperor of Abyssinia in London Anno Domini 1936" in cursive script.
The city of Aveiro assay mark A3.0, or it’s variant , points to a manufacture date in the early 18th century. Objects stamped with municipal marks for Aveiro are rare, what makes this salver a singular example within the context of Portuguese silverware production.
While curating the 1940 exhibition on Portuguese Goldsmithing, at the Machado de Castro National Museum, in Coimbra, António Nogueira Gonçalves, a master at the city’s ancient University, identified for the first time an example of an Aveiro Municipal assay-mark. Another seven identically stamped objects have since been recorded.
A similar salver, from the former collection Francisco Barros e Sá, can be seen at the National Museum of Ancient Art, in Lisbon.
Attributable to Gabriel de Figueiredo, the goldsmith’s mark F (A11.0) , substantiates a dating to the first half of the 18th century. A total of seven objects of varying types made by this goldsmith have so far been identified, the present salver being the only one of its typology. Of the eleven known Aveiro goldsmith’s marks only Figueredo has been identified up until now.

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B316 e B317 Proveniência
Duas delicadas salvas de gomos redondas em prata batida, lisa, sem qualquer decoração. No reverso dos seus medalhões centrais dispõe-se de forma circular a inscrição "This silver dish was sold by H.M. the Emperor of Abyssinia in London Anno Domini 1936", relevando um dos seus anteriores proprietários.
Sendo estas obras datadas da primeira metade do séc. XVIII, revelam-se como uma prova da longa relação entre Portugal e o reino da Abissínia, desde os primeiros contactos com este território no século XVI por Pero da Covilhã na sua demanda pelo mítico do reino cristão de Preste João .
Haile Selassie I (1892 - 1975) foi imperador da Abissínia (atual Etiópia) entre 1930 e 1974.
Na década de 1930, a Abissínia tornou-se alvo de renovados desígnios imperialistas italianos, com as forças de Benito Mussolini a invadirem este território em 1935. Selassie, obrigado a exilar-se, passou quatro anos (1936–1941) em Bath, no Reino Unido, em Fairfield House (sendo esta posteriormente doada cidade de Bath após o seu retorno à Abissínia). Em 1936 discursou na Liga das Nações contra a invasão do seu império, tendo-se tornado num ícone antifascista mundial, sendo mesmo reconhecido pela revista Time como «Homem do Ano» .
Neste mesmo ano o imperador colocou a sua coleção de prata inglesa e estrangeira em leilão, na Puttick & Simpson's, de Londres. A casa de leilões foi fundada em 1794 por James Fletcher, tendo sido posteriormente adquirida por Thomas D. Puttick e William S. Simpson em 1846, localizando-se em 47 Leicester Square entre 1859 e 1937 . A explicação oficial para a colocação das peças para venda referia a inexistência de um lugar adequado para as guardar, contudo esta narrativa não enganou o público, sabendo-se que o Imperador necessitava de fundos. Quatro dias antes do Natal de 1936, a coleção de prata de Haile Selassie foi à praça tendo o leilão arrecadado mais de 2.530 libras .
A inscrição no verso das duas salvas, demostrativa da sua pertença ao Imperador Haile Selassie e da sua venda em 1936, revela-se como um fator elucidativo da presença de obras de ourivesaria portuguesa na coleção real etíope ou na coleção privada do seu rei e destas terem sido suficientemente notáveis para se manterem nesta coleção até ao século XX.
Posteriormente, em data desconhecida, as peças foram adquiridas pela coleção Dr. Ricardo Sá Carneiro, Porto.

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Salva lisa, redonda, de orla recortada definindo trinta e dois gomos côncavos sulcados, dispostos radialmente em torno de um medalhão central, com toro saliente liso. O medalhão liso é somente ocupado pelo monograma “IT” inscrito no seu centro. A inscrição "This silver dish was sold by H.M. the Emperor of Abyssinia in London Anno Domini 1936" dispõe-se de forma circular no reverso do medalhão central.
A marca de ensaiador de Aveiro (A3.0 ou variante) , revela uma peça produzida no princípio do século XVIII. São raras as obras de ourivesaria com marcas de Aveiro, tornando esta peça num exemplar singular dentro do panorama da ourivesaria portuguesa. António Nogueira Gonçalves, mestre da Universidade de Coimbra identificou pela primeira vez, nos trabalhos preparativos para a exposição de Ourivesaria Portuguesa realizada no Museu Nacional Machado de Castro, em 1940, uma punção municipal de Aveiro . Até ao momento foram identificadas oito marcas de ensaiador municipal. A antiga coleção Francisco Barros de Sá possui uma salva semelhante, pertencendo atualmente à coleção do Museu Nacional de Arte Antiga .
Já a marca de ourives F (A11.0) , atribuível a Gabriel de Figueiredo, coloca igualmente a peça na primeira metade séc. XVIII. Com a marca deste ourives são conhecidas sete peças, nenhuma delas uma salva, sendo deste modo, este o único exemplar conhecido produzido pelo ourives. São conhecidas um total de onze marcas da prata de ourives de Aveiro, sendo Gabriel de Figueiredo o único ourives, atualmente, do qual conhecemos a identidade.

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