Prato de Aparato

Nº de referência da peça: 
C651

Faiança portuguesa, “Desenho Miúdo”
Lisboa, 1660/80
Dim.: 6,5 x 38,0 x 38,0 cm
Proveniência: Colecção Artur de Sandão, Porto e colecção particular, Alcobaça
Reproduzido: Faiança Portuguesa do Ateneu Comercial do Porto (Cat.), Porto, 1997, p. 35,nº 15.

Display Plate
Portuguese faience “Desenho Miúdo”
Lisbon, 1660 - 80
Dim.: 6,5 x 38,0 x 38,0 cm
Provenance: Private collection, Alcobaça
Arthur de Sandão collection, Oporto
Published in: Faiança Portuguesa do Ateneu Comercial do Porto (Cat.), Porto, 1997, p. 35,nº 15.

Excepcional prato de aparato com aba larga e levantada, em faiança portuguesa da segunda metade do século XVII, pintado a azul-cobalto e a negro de manganés, com abundante decoração de “desenho miúdo”, inspirada em motivos e ornatos da porcelana chinesa de Transição Ming – Qing (1620-1683). Mencionamos a grande relevância artística qualidade desta peça, onde se destaca a qualidade da pasta e a finura do esmalte vidrado estanífero, bem como a mestria da pintura a azul- cobalto.
O centro, delimitado por filete polilobado, está integralmente preenchido por complexa paisagem chinesa na qual se evidenciam três edifícios de características miscigenadas, luso-orientais, dois com chaminés fumegantes, entre árvores e outros elementos vegetalistas, dos quais se destaca uma peónia desabrochada. No meio desta paisagem, sob um céu nublado e acinzentado, evidencia-se uma figura chinesa masculina, vestida de túnica, apoiada num cajado e segurando na mão esquerda um documento que poderá ser uma pauta de música.
O covo é acentuado por uma faixa branca com grupos de seis contas dispostas em pirâmide, intercaladas por pequenas ramagens.
Na aba, destacam-se quatro reservas elípticas, de molduras acentuadas, que enquadram grupos de três maços de documentos, que parecem pautas musicais - inspirados nos símbolos chineses “rolos de pintura”, emblema de letrados - envolvidos por fitas onduladas. Entre as reservas, a aba está preenchida por quatro cenas de paisagem com árvores diversas e nuvens, centradas por figuras chinesas masculinas, sentadas, duas segurando um documento (semelhante ao da figura central do prato) e as outras duas diante de um instrumento de percussão oriental.
O tardoz, com frete recuado e aba ondulada, evidencia o trabalho da roda do oleiro, animada por sete ramagens equidistantes, com caules desenhados a manganês e ramagens pintadas a azul.
É provável que a figura central deste prato, bem como as quatro da aba, representem a história do lendário Lan Cahe, um dos Oito Imortais da mitologia chinesa, que viajava de cidade em cidade, compondo e cantando canções que previam o futuro e aludiam à imortalidade. A sua habilidade musical tornou-o patrono dos poetas-cantores itinerantes.

Esta peça é uma das mais complexas e representativas da difusão do gosto pela porcelana chinesa em Portugal, processo no qual os portugueses tiveram um papel pioneiro na Europa, desde o início do seculo XVI. Este gosto foi largamente absorvido pela decoração da faiança portuguesa durante todo o seculo XVII, podendo considerar-se, este, um dos mais belos exemplos do exotismo das oficinas lisboetas e do gosto pela chinoiserie que as faianças portuguesas revelaram.

--

Exceptional 17th century Portuguese faience display plate of wide raised lip and dense cobalt-blue and manganese-purple “desenho miúdo” decorative motifs, influenced by Chinese Ming-Qing transitional porcelain (1620-1683) aesthetics. Reinforcing the importance of this plate it is essential to underline the paste quality and the glaze fineness as well as the mastery of the cobalt-blue decoration.
In the well, defined by polylobate filleting, a dense and complex Chinese landscape with three buildings of luso-oriental characteristics, two with smoking chimneys, amongst trees, vegetal motifs and a large flowering peony. Centrally placed under a cloudy sky, a Chinese male figure dressed in a tunic leans on a staff, while holding a document in his left hand, perhaps a music sheet. Highlighting the central scene a white band with six-bead pyramidal groups alternating with small foliage appointments.
The lip is highlighted by four elliptic cartouches encircling groups of three paper scrolls, similar to music sheets and inspired by Chinese painting scrolls - insignia of scholars - wrapped in undulated ribbons, alternating with trees and clouds landscapes with seated Chinese male figures, of which two hold a document (similar to the central figure), and the remaining two sit by an oriental percussion instrument.
The wavy textured under lip, evidencing the potter’s wheel throwing work, is decorated by seven blue and purple foliage branches.
It is likely that both the central figure and the four figures on the plate lip, allude to the history of Lan Caihe, one of the eight Immortals of Chinese mythology, who travelled from city to city, composing and singing songs that predicted the future and alluded to immortality. This musical propensity turned Lan Caihe into the patron of travelling poet-singers.
This plate is one of the most complex and representative pieces for the Chinese porcelain taste in Portugal, which spread throughout Europe from the early 16th century onwards. This taste was absorbed by the Portuguese potters in the production of faience pieces for most of the 17th century, becoming a main characteristic of the Lisbon workshops exoticism and of the taste for “chinoiseries” revealed by Portuguese faience.

  • Arte Portuguesa e Europeia
  • Azulejos e Faianças

Formulário de contacto - Peças

CAPTCHA
This question is for testing whether or not you are a human visitor and to prevent automated spam submissions.
Image CAPTCHA
Enter the characters shown in the image.