Mesa de estrado dita “ratona”

Nº de referência da peça: 
A572

Pau-santo, vinhático e latão dourado
Portugal, 3º quartel do séc. XVIII
Dim.: 43,0 x 73,0 x 52,5 cm

Dais Table
Rosewood, brasilian mahogany and gilt brass
Portugal, 3rd-quarter of the 18th century
Dim.: 43,0 x 73,0 x 52,5 cm

Rara mesa de centro para estrado D. José da época e de bela patine, constituindo um excecional exemplar da marcenaria portuguesa, não só pela qualidade do entalhe, mas também pela preciosidade e beleza da madeira de pau-santo escolhida, cujo contraste de claro-escuro do veio lhe confere uma interessante paleta cromática.
O tampo é liso e emoldurado, com cantos arredondados e bordos suavemente ondulados. Este sinuoso movimento é acompanhado pela caixa, em curva e contracurva dotando-a de grande elegância. Na frente apresenta duas gavetas lisas com moldura periférica, com ferragens de época representando folhagens e interiores em vinhático.
É na caixa que podemos apreciar o trabalho de talha fina e pouco relevada, no estilo rocaille, presente em todas as faces, num tom sóbrio e discreto, privilegiando composições centrais e simétricas, com motivos de concheados e volutas em “C” e “S”. No recorte do saial a linguagem estética mantem-se com um emoldurado de suaves curvas e contracurvas, interrompidas por pontuais quebras que contribuem para uma leitura mais dinâmica.
Pernas galbadas que acompanham a caixa, com encurvamento requintado e joelhos prenunciados, num perfeito equilíbrio, para o qual contribui a qualidade do pau-santo, enriquecendo o discurso sinuoso do móvel e a sua alusão ao movimento. Terminam em pés de sapata.
A palavra “ratona” deriva de mesa ratona (ou ratonera), um termo de origem espanhola e que traduz mesa de centro. O vocábulo terá sido adotado em Portugal para descrever em mesas baixas e de pequenas dimensões, pela proximidade e íntimas relações culturais entre os dois países.
Pelas dimensões peculiares, este móvel destaca-se por testemunhar, em pleno século XVIII, a sobrevivência de influências islâmicas no território ibérico, neste caso em concreto, do estrado - introduzido em contexto peninsular durante o período medieval e que persiste até ao século XIX, como um espaço feminino por excelência.
Considerado um assento de prestígio, consistia numa plataforma baixa de um ou mais degraus, colocada a um canto da divisão ou no centro, sobre a qual as mulheres nobres se sentavam à maneira árabe, no conforto de tapetes e almofadas e onde se dedicavam a atividades femininas como a leitura e a costura. Para tal foram criados móveis de reduzidas dimensões, como a presente mesa, para auxiliar no bem-estar e expressão do estatuto social dos donos da casa.
Esta elegante mesa de estrado destaca-se no contexto da produção portuguesa de mobiliário do século XVIII pela sua qualidade estética e estado de conservação.

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