Menino Jesus Bom Pastor Adormecido

Nº de referência da peça: 
F1130

Marfim
Luso-Tailandês
Tailândia, período Ayutthaya, séc. XVII
Dim.: 23,0 cm
Prov.: M.J.G., Lisbon
Expo.: ‘Venans de Loingtaines Voyages’, Bordéus, 2019, p. 32

Baby Jesus “The Good Shepherd”
Ivory
Luso-Thailandese
Thailand, Ayutthaya period, 17th century
Dim.: 23,0 cm
Prov.: M.J.G., Lisbon
Exhib.: ‘Venans de Loingtaines Voyages’, Bordeaux, 2019, p. 32

The Thai or Siam People originate in Southwestern China. Expelled from their lands in the 12th century they settled in the Indochina Peninsula adopting Buddhism as their religion, albeit one with strong Hindu influences brought in by Indian travelers and settlers in the region.
After the conquest of Galle in the Southwestern tip of the Island of Ceylon in 1505, and of Goa in western India in 1510 the Portuguese landed in Malacca, whose Sultan was a vassal to the King of Siam. In 1511 the Portuguese government in Goa negotiated an agreement with Siam allowing the establishment of permanent trading outposts in that territory which would give the Catholic Church an enclave from which to spread its faith in the whole of the Far East.
Those early missionaries relied heavily upon visual imagery, mainly through a myriad of artistic portable objects, to divulge and interpret the sacred scriptures and the Christian iconography in an attempt to overcome language and cultural barriers, while attempting to develop common cultural and religious dialogue, which would eventually result in a new, but unintentional hybrid artistic language.
The humanist and introspective theme of the Good Shepherd finds strong parallels in the figure of Buddha, adapted to various local aesthetics throughout the reach of his cult since his earliest representations in Northwest India, where depictions of the reclining Jesus, in a pose allusive to Buddha or Shiva, are also well identified.
The iconography of the Good Shepherd, revealing the innocence and purity of the Child, reappears in European art at the time of the Counter-Reformation, and in a particularly evidenced manner in India in the 17th and 18th centuries as a way of conveying to Buddhists and Hindus the encompassing remit of the Christian faith in Its openness and acceptance for conversions.
Large ivory Baby Jesus sculpture produced by a 17th century Portuguese-Thai workshop. The image is reclined replicating the iconography of the dying Buddha about to enter Nirvana, as adopted in Thailand (Siam). Jesus is lying on a cloak of jasmine flowers, his head supported by his right hand, while with his left he strokes a lamb that sits on a Bible. The serene rounded shaped face is framed by regular, perfectly aligned snail-like hair curls, in an allusion to the enlightenment of Buddha while the eyes are depicted semi-closed and the mouth curled in a cryptic but gentle smile. The figure wears a shepherd’s tunic tied by a cord at the front exposing the abdomen, and wide styled trousers emblematic of Thai male costume.
The Ayutthaya period was one of the most politically and culturally influential periods of Thailand’s history. Ayutthaya remained the kingdom’s capital between 1350 and 1767, and for the most part of 400 years it was one of the largest, richest and most prosperous cities in Asia, mainly on account of trade from its important seaport.

O povo Tai, também chamado de Siam, é originário do sudoeste da China, de onde foi expulso no século XII, instalando-se então numa região vizinha, situada na península da Indochina.
Adotaram o budismo como religião, mas com influências bem significativas do hinduísmo que chegou através de viajantes indianos.
Depois da conquista de Goa, na costa ocidental da Índia, e Gale no Ceilão, os Portugueses chegaram a Malaca, cujo sultão era vassalo do rei de Sião. Afonso de Albuquerque decide então estabelecer relações com o Sião, em 1511.
Sendo um país agrícola e necessitando de trocas comerciais, facilmente concederam a permissão aos Portugueses para se instalarem.
Ao criar um Império marítimo, os Portugueses deram azo a que a Igreja Católica pudesse estabelecer enclaves a milhares de quilómetros de distância.
A primeira ordem religiosa aceite foi a dos Dominicanos, seguida dos Franciscanos e Jesuítas. Os missionários europeus usaram a arte, a representação visual, para explicar as Escrituras Sagradas e o significado da iconografia cristã, de modo a “traduzir” os significados intrínsecos da Fé Católica, numa clara catequização pelas imagens, esperando assim converter os gentios ao Cristianismo.
E é neste diálogo intercultural e inter-religioso, quebrando as barreiras da língua, que se constrói a “ponte” de entendimento mútuo, permitindo o reconhecimento de um imaginário comum, entre os artistas locais e os missionários. Deste modo a arte cristã e a arte religiosa da Ásia deram lugar a novas formas artísticas.
A escultura em marfim apresenta-se como o resultado de uma confluência de materiais, técnicas e temas resultantes das campanhas missionárias.
O tema humanista e reflexivo do Bom Pastor encontra paralelo na figura de Buda e os seus ensinamentos, adaptado às estéticas locais em todas as culturas em que tinha sido acolhido, desde que começou por ser representado, no Noroeste da Índia. Aí encontramos, por exemplo, representações do Menino Jesus deitado, como em certas representações de Buda ou de Shiva.
Segundo a parábola de São Lucas, 15,4-7, o Menino retratado, que recuperou a ovelha perdida fala-nos da importância de cada indivíduo entre milhões. Cada um pode rever-se na ovelha resgatada e esperar ser salvo por um Deus superior.
O doce Bom Pastor, revelando a pureza da infância, ressurge na arte europeia durante a Contra-Reforma e com particular vigor na Índia, nos séculos XVII e XVIII, onde as ordens religiosas procuravam mostrar com estas imagens aos hindus ou budistas que todos eram ovelhas importantes para a Igreja, uma Igreja militante que actua convertendo e baptizando os gentios de todo o mundo.

Menino Jesus de grandes dimensões em marfim, trabalho proveniente das oficinas Luso-Tailandesas, no século XVII.
Encontra-se “ reclinado” na consagrada posição em que Buda morreu, sendo esta representação unicamente utilizada no budismo da Tailândia (antigo Sião) e segundo esta religião traduz a passagem de Buda para o nirvana, estado onde se alcança a profunda paz de espírito, pela pureza dos pensamentos.
O Menino encontra-se deitado sobre um manto de folhas de jasmim, com a cabeça apoiada sobre a mão direita, afaga com a esquerda o lombo de um cordeiro que se encontra em cima da Bíblia Sagrada.
De expressão serena, cara arredondada, bela e expressiva, tem cabelo desenhado em anéis formando caracóis contíguos e alinhados, numa referência à inteligência superior de que Buddha era dotado. Os olhos estão semicerrados, o sorriso é hermético.
Enverga túnica de pastor atada à frente com um cordão, deixando ver o ventre e usa calças largas típicas do traje tailandês.

O período Ayutthaya foi uma das épocas mais gloriosas, politicamente e culturalmente influentes, da história tailandesa. Ayutthaya foi a antiga capital da Tailândia, entre 1350 e 1767 e durante mais de 400 anos foi uma das maiores, mais ricas e mais prósperas cidades da Ásia, em grande parte devido ao seu importante porto marítimo.

Foi em 1939 que o nome oficial do país, Sião, foi substituído pelo de Tailândia, em que thai, em sânscrito, significa “livre”.

Bibliografia:
Thailand and Portugal “500 Years of a Common Past”, Junho 2011.

  • Arte Colonial e Oriental
  • Arte Cristã
  • Marfins

Formulário de contacto - Peças

CAPTCHA
This question is for testing whether or not you are a human visitor and to prevent automated spam submissions.
Image CAPTCHA
Enter the characters shown in the image.