Cofre

Nº de referência da peça: 
F1255

Madeira exótica, tartaruga, prata, e papel impresso; ferragens de prata
Vice-Reinado da Nova Espanha, Guadalajara (actual México), séc. XVII
Dim.: 10,0 x 5,5 x 7,0 cm

Casket
Exotic timber, tortoiseshell, silver and paper; silver mounts
Viceroyalty of New Spain, Guadalajara (present day Mexico), 17th century
Dim.: 10.0 x 5.5 x 7.0 cm

Tortoiseshell coated exotic timber chest-shaped casket, decorated with raised silver mounts and hardware. The banded silver decoration, applied onto the pre-engraved tortoiseshell, is defined by panels framed by friezes of semi-circular elements, centred by phytomorphic vertical sections similar to cactuses.
These can probably be identified with the “nopal” (word of Nahuatl origin – nohpallí), or prickly pear (Opuntia ficus indica), a shrub of easily recognisable leaves that is endemic to Mexico and widely known in New Spain. Of pivotal symbolic relevance in the foundational myth of Tenochtitlan, the Mexica (Aztecs) people capital city, it was interpreted as the plant of life that never dies as, when dried, it can still grow into a new plant. Following from Mexico’s independence the prickly pear will be adopted as the country’s coat or arms.

Following a European prototype, its decoration has clear local characteristics that are evidenced by the materials selected for its production. As such, the hawksbill turtle (Eretmochelys imbricata), whose shell was used in the casket’s construction, still occurs along the Mexican Coast, particularly in the Gulf of Mexico and in the Mexican Caribbean.
Any certainty regarding the Mexican regions where this type of caskets was produced remains limited. Some, of wooden carcasses coated in tortoiseshell and inlaid in silver, mother-or-pearl and ivory – similar to pique work – have been identified as originating from the state of Puebla. Others, of identical carcass construction but of incised tortoiseshell and applied elements have been allocated to Jalisco.

In the Franz Mayer Museum, in Mexico City, there is a similarly shaped casket with incised decoration and stylised floral silver mounts that belonged to Franz Mayer Traumann (1882-1975). A German financier and collector of Jewish origin Traumann settled in Mexico in 1905 and, on this death, bequeathed his important collection to the nation.
One other casket (dim.: 9,5 x 17 x 7 cm), of equally identical domed cover with incised floral decoration, rosette shaped applied silver elements and the following engraved inscription “Se Hizo en la mui Noble y Leal Ciudad de Guadalaxara Nuevo Reyno de la Galicia”, was formerly recorded at the Ottoline Morrel (1873-1938) collection. Of similar dating to the casket herewith described and of identical silver mounts, it was evidently produced in Guadalajara, a city in the Nuevo Reyno de la Galicia, one of New Spain’s only autonomous kingdoms, in the territory of modern day State of Jalisco. These analogies suggest an almost certain common geographical origin to both pieces.
In addition this casket features a two colour block printed paper lining, possibly a wall paper simulating contemporary textile patterns, of floral and foliage motifs on a lace like simulating ground.

--

Pequeno cofre em forma de baú em madeira exótica revestida a placas de tartaruga enriquecido com aplicações de prata relevada e ferragens no mesmo metal precioso, incluindo o espelho da fechadura quadrangular, alteado, de orla recortada, e lingueta também recortada; e também a asa da tampa.
A decoração argêntea, como que em bandas, cuja aplicação se seguiu à prévia gravação da tartaruga, consiste em painéis moldurados por friso de elementos semicirculares, e no centro elementos verticais fitomórficos que se assemelham a cactos. É provável que estes se possam identificar com o nopal ou figueira-da-Índia (Opuntia ficus indica), palavra de origem nahuatl (nohpallí), espécie arbustiva do género Opuntia, com suas folhas características (pencas), originária do México e célebre na Nova Espanha. A sua simbologia é de grande importância, já que surge no mito fundacional de Tenochtitlán, a capital dos mexica (aztecas) que, após a independência, acabaria por tornar-se no brasão de armas do México, sendo considerada na mitologia mexica como planta da vida, que aparentemente nunca morre, posto que ao secar pode dar origem a uma nova planta.
Copiando um modelo europeu, a sua decoração é de carácter local, tal como os materiais usados. Com efeito, a carapaça de tartaruga utilizada, a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), é ainda muito frequente no México, em especial no Golfo do México e no Caribe mexicano.
Sabemos ainda pouco sobre os locais ou regiões do México onde se produziram este tipo de cofre. Uns com alma em madeira, revestidos a tartaruga e embutidos de prata, madrepérola e marfim (semelhantes ao piqué) têm sido identificados como produzidos no estado de Puebla. Outros, também de alma em madeira, com tartaruga incisa e aplicações têm sido identificados com Jalisco.
Semelhante na forma, com decoração incisa e aplicações de prata (de tipo floral, estilizado), refira-se um cofre que pertenceu à colecção de Franz Mayer Traumann (1882-1975), alemão de origem judia que se radicou no México em 1905, e que está hoje no Museo Franz Mayer na Cidade do México.
Um outro (9,5 x 17 x 7 cm), hoje em colecção particular, que pertenceu a Ottoline Morrel (1873-1938), também em forma de baú, com decoração floral incisa e aplicações de prata em forma de roseta, apresenta igualmente gravada uma inscrição onde se lê: “Se Hizo en la mui Noble y Leal Ciudad de Guadalaxara Nuevo Reyno de la Galicia”. Certamente do século XVII como o cofre presente, terá sido então produzido em Guadalajara, no então Novo Reino da Galiza (um dos únicos reinos autónomos da Nova Espanha), hoje no estado de Jalisco, provavelmente a mesma origem geográfica deste nosso cofre com semelhantes aplicações de prata.
Este cofre apresenta a particularidade de ser forrado a papel impresso por blocos xilográficos a duas cores, provavelmente um papel de parede a imitar têxteis coevos, de flores e folhas sobre fundo reticulado imitando renda.

Hugo Miguel Crespo

  • Arte Colonial e Oriental
  • Artes Decorativas
  • Marfim, Tartaruga e Madrepérola
Peças Vendidas

Formulário de contacto - Peças

CAPTCHA
This question is for testing whether or not you are a human visitor and to prevent automated spam submissions.
Image CAPTCHA
Enter the characters shown in the image.