Caldeirinha de Água Benta

Nº de referência da peça: 
C511

Faiança portuguesa
Lisboa, 1630-40
Dim.: 22,0 x 18,0 x 18,0 cm
Prov.: J.M.J. Lisboa
Expo.: «Un Siècle en Blanc et Bleu», Paris, 2016, p. 80
Pub.: «Lisboa na Origem da Chinoiserie», Lisboa, 2018, p. 126

Holy Water Pot
Portuguese Faience
Lisbon, 1630-1640
Dim.: 22,0 x 18,0 x 18,0 cm
Prov.: J.M.J. Lisbon
Exhib.: «Un Siècle en Blanc et Bleu», Paris, 2016, p. 80
Pub.: «Lisboa na Origem da Chinoiserie», Lisbon, 2018, p. 126

Rounded, wheel-thrown 17th century Portuguese faience Holy Water pot decorated in cobalt-blue on a tin-white enamel glaze. The border is defined by the accentuated flaring lip from where the dented handle protrudes, while the tightly strangled base is highlighted by a cylindrical edge.
The body is decorated with an oval framed cartouche fully filled with the “Ângulo” family crest, framed on each side by symmetrical scrolls of branches of “Chinese pine”. The handle is defined by raised elements, randomized in the first firing, and by lateral countersinking sections pressed manually by the potter before the application of the tin glaze, and decorated in cobalt-blue with diagonal lines reinforcing the detail.
According to Aníbal Pinto de Faria, the gold heraldic with five green roundels, broken in silver and placed in saltire, belongs to the Ângulo family, descendants of a son of King Angulo of Scotland in the late 12th century, who settled in the Kingdom of Leon in the early 13th century and from there came into Portugal at an unknown date. It is recorded that one member of the family settled in Malacca in the late 16th century, acquiring considerable wealth and adopting thereafter an aristocratic lifestyle.
A similar piece, with oval cartouche filled with a characteristically Christian closed crown and eastern influenced scrolls, is known at the Lüneburg Museum in Northern Germany, city with a record of important Portuguese faience archaeological finds, suggesting the likelihood of regular trading relations with Portugal and Spain.
This particular Holy Water pot has characteristics typical of the pieces produced for Northern Europe, particularly for the Hanseatic League market, which evolves from the 1620s, later than that of the Low Countries. Considering that comparatively this market was less familiar with Chinese Porcelain, the purpose in this case, rather than copying oriental models, was to adopt an exotic decorative grammar that could combine a faraway flavour with erudite European references closer to everyday use, in hybrid and original objects that would promote and privilege creative freedom in an uncompromising yet exuberant brushstroke.
Pieces produced for Northern European markets have a wider range of shapes than those exported to the Low Countries, market which favoured more exuberant display pieces. In the former it is discernible a taste for hollow shaped pieces, particularly wine jugs, adopting a more fantasized but simultaneously more conservative decorative language, evoking exoticism but in a broader European taste context.
The decorative language of these pieces is often characterized by a profusion of heraldic motifs of local families or cities, and monograms of the family that commissioned them; in some cases the iconography adopted is related to a wine theme, a matrimonial alliance or other major celebratory occasion to which the object related and because of which it is often dated.

Caldeirinha em faiança portuguesa do século XVII, com forma bojuda, rodada, coberta de esmalte branco decorado a azul-cobalto. Termina em bordo saliente e tem base cintada, acentuada por rebordo cilíndrico. Asa relevada, descrevendo meio círculo.
O bojo está decorado com cartela oval emoldurada, preenchida por heráldica da família “Angulo”, intercalada, nas faixas laterais, por enrolamentos de ramos de “pinheiro da China” simétricos. A asa é constituída por elementos relevados, aleatórios na chacota, através de rebaixamentos laterais executados pelos dedos do oleiro antes de aplicado o vidrado estanífero e decorada a azul-cobalto com riscas perpendiculares que reforçam esses mesmos rebaixes.
Segundo Aníbal Pinto de Faria, as armas de Ouro com 5 arruelas de verde, partidas de prata, postas em sautor, pertencem à família Ângulo, descendentes de um filho do Rei Ângulo da Escócia dos finais do séc. XII, que passaram ao Reino de Leão no inicio do séc. XIII e daí para Portugal, em data que ninguém se atreve a definir. Sabe-se que um deles andou por Malaca nos finais do séc. XVI, onde terá granjeado média fortuna e passado a "viver à lei da Nobreza".
Uma peça muito similar, com cartela oval preenchida por coroa fechada de origem cristã e elementos vegetalistas orientais, encontra-se no acervo do Museu de Lüneburgo, cidade que tem sido palco de achados arqueologicos muito importantes, que sugerem relações comerciais extensas com Portugal e Espanha.
A peça tem características que nos remete para as manufacturas destinadas ao norte da Europa, para o mercado da Liga Hanseática, que se desenvolveu a partir dos anos 20, mais tardiamente do que para os Países Baixos. Atendendo a que existia uma menor familiaridade com a porcelana chinesa nestes países em relação à Holanda, o que se pretendia aqui era, não a cópia de modelos orientais, mas sim um vocabulário decorativo exótico, que conjugasse a atmosfera longínqua com referências europeias eruditas, mais próximos de uma vivência do quotidiano, em peças hibridas e originais, onde se privilegiasse a liberdade criativa, numa pincelada descomprometida e exuberante.
As peças produzidas para o Norte da Europa têm formas mais variadas do que as destinadas aos Países Baixos, local onde predominam os pratos de aparato. Aqui, dominam as peças de forma, sendo as mais frequentes os pichéis, que apresentam um vocabulário mais fantasioso mas de índole mais conservador, evocando algum exotismo em objectos onde predomina o gosto europeu.
A gramatica decorativa destas peças apresenta uma grande profusão de motivos heráldicos com brasões das famílias locais ou de cidades, e letras indicando o nome do encomendante; em alguns casos aparece uma iconografia relacionada com o vinho, com matrimónios ou outras celebrações a que este objecto se destinava, o que justifica que muitas peças se encontrem datadas.

  • Arte Portuguesa e Europeia
  • Azulejos e Faianças

Formulário de contacto - Peças

CAPTCHA
This question is for testing whether or not you are a human visitor and to prevent automated spam submissions.
Image CAPTCHA
Enter the characters shown in the image.