Cristo crucificado Cingalo-português / A Sinhalese-Portuguese Crucified Christ, Ceilão, finais do séc. XVI / Ceylon, end of 16th. c.
marfim / ivory
5 x 13 x 12,5 cm
F1411
From amongst the group of religious ivories carved in Portuguese ruled Ceylon, the most numerous were those related to the Passion of Christ, of which the sculptures depicting the Crucified, of varying dimensions and carving quality, total hundreds of examples .Such sculptures, as mentioned by Jan Huygen van Linschoten (1563-1611) in his “Itinerary” (1596) were much valued: ‘My maister the Archbishop [of Goa] had a crucifixe of Ivorie of an elle long [± 69 cm], presented unto him, by one of the inhabitants of the Ile, and made by him so cunningly and workmanly wrought, that in the hayre, beard, and face, it séemed to be alive, and in al [other parts] so neatly wrought and proportioned in limmes, that the like can not be done in [all] Europe’ .As with the Archbishop’s magnificent and very large Crucifix, this miniatured carving of the Crucified Christ reflects the master sculptor analogous obsession for perfection, meticulous anatomical precision, and supreme carving quality and modelling.The delicate depiction of the skin on the gaunt chest, ribcage, and navel, and the slender, yet muscular arms of bulging veins, is astonishing. Equally amazing is the placement of the tensed muscles and tendons on the dying Christ’s back, the rigidity of the hands and the naturalistic locks of loose hair falling from the lifeless head onto His shoulders and chest. Identical naturalism is evident on the loincloth, or perizonium (perizoma in Greek) of masterly carved pleats, reminiscent of indigenous portrayals of draped seamless garments of multiple folds.Considering the pierced hands and feet, it is possible to assume that the sculpture may have been fitted onto a small wooden cross, its miniatured dimensions pointing to a portable devotional object rather than an image to be exhibited and worshipped in a private altar. One other possibility would be its role as the central element in a larger sculptural composition depicting a Calvary scene, such examples, more or less complete, being also known from this Ceylonese production .Ceylon made ivory depictions of the Crucified Christ have survived in considerable numbers in both public and private Portuguese collections . Some were set onto later made wooden crosses or added to complex Calvary compositions of multiple figures, but images of this size, and of such superb quality are, however, extremely rare.
De entre os marfins religiosos entalhados no Ceilão sob domínio português, os mais abundantes estão relacionados com a Paixão de Cristo, com figuras do Cristo Crucificado, de diferentes dimensões e qualidade do entalhe, totalizando centenas de exemplares. Estes, como refere Jan Huygen van Linschoten (1563-1611) no seu Itinerário (1596), eram muito apreciados: “Ao meu amo, o arcebispo [de Goa], foi oferecido um crucifixo de marfim com um côvado de comprimento [± 69 cm], feito por um habitante da ilha de Ceilão, elaborado de uma forma tão engenhosa e primorosa que o cabelo, a barba e o rosto pareciam tão naturais como os de uma pessoa viva, e em tudo tão bem lavrado e proporcionado de membros que não se poderia igualar em toda a Europa”. Tal como no magnífico crucifixo de grandes dimensões do arcebispo, esta estatueta miniatural do Cristo Crucificado espelha a mesma obsessão pela perfeição por parte do mestre entalhador, com idêntica e meticulosa precisão anatómica e a mais alta qualidade no entalhe e modelação. A fina representação da pele sobre o peito magro e das costelas de Cristo, incluindo pormenores como o umbigo e os braços delgados e musculados de veias salientes, é surpreendente. Extraordinária é também a disposição dos músculos e tendões em tensão nas costas do Cristo expirante, as mãos rígidas e os delicados novelos de cabelo solto caindo da cabeça prostrada. O mesmo naturalismo encontramos na representação do cendal ou perizonium de Cristo (ou o grego, perizoma), com pregas e dobras entalhadas na perfeição e reminiscentes da representação local do vestuário sem costuras, drapeado e de múltiplas pregas. Furos nas mãos e pés sugerem que a escultura tenha estado pregada numa pequena cruz de madeira e, a sua escala miniatural indica tratar-se de objecto portátil para devoção, e não de exibição e veneração num altar privado. Outra possibilidade, é a utilização enquanto elemento central de composições entalhadas em marfim representando o Calvário, conhecendo-se alguns exemplares mais ou menos completos do Ceilão sob domínio luso. Esculturas cingalesas em marfim do Cristo Crucificado sobrevivem em número considerável em colecções públicas e privadas portuguesas. Por vezes enriquecem cruzes de madeira posteriores ou incorporam composições mais complexas de múltiplas figuras representando o Calvário. No entanto, imagens desta dimensão e, acima de tudo, desta qualidade, são extremamente raras.
Provenance
Miguel BaganhaJoin our mailing list
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