Garrafa, 1660-1680
Rare “Desenho Miúdo” Portuguese faience bottle dating from the second-half of the 17th century, decorated in cobalt-blue and manganese on a lead-white enamelled ground.
Wheel thrown and vertically flattened and grooved by the potters applied hand pressure, it features a low and strangulated neck of out flaring rim. It stands on a low, slightly set back foot.
Centrally placed in opposing faces, an identical profiled exotic figure seated on a rocky outcrop, in two distinct moments: in one depiction looking at an object and in the other seemingly meditating. In both elevations the figure is depicted within a landscape, of characteristic “Desenho Míudo” ornamental grammar, amongst flowers and trees of evident oriental inspiration, that seem like randomly sprayed onto the whole bottle surface.
A fine, continuous manganese-oxide line demarcates the bottle’s upper and lower body edge, while both the neck and the rim are encircled by two parallel blue bands. The painted decorative motifs, in two shades of blue, are outlined in bluish grey manganese. From the second-half of the 16th century onwards, when Delftware became the predominant export faience, there was an attempt by the Portuguese potters to liken their production to its European congener, by introducing this new artifice of outlining decorative motifs in manganese-oxide pigment.
The floral and foliage motifs portrayed in this bottle, inspired in Chinese, Ming to Qing Transitional Period (1620-1683) porcelain, reach in this instance larger than usual dimensions, a detail that evidences the potter creativity, in attempting at filling the bottle surface.
Escultura em faiança Portuguesa, seculo XVII, moldada e com decoração policroma muito invulgar, sobre esmalte estanífero branco.
Santana, de corpo inteiro, sobre uma peanha que a identifica, segura Nossa Senhora pela mão. Veste túnica comprida trespassada no peito e cintada, que cai em pregas, até aos pés. Por cima desta vestimenta, uma capa presa na cintura. Usa touca e está coberta por véu. À sua direita, Nossa Senhora de pé, de veste comprida verde e livro na mão direita, a ela encostada como se de um único vulto se tratasse. A pintura é aplicada e por fim contornada por uma linha escura que reforça os volumes.
De grande interesse estético e artístico e, embora com grande coerência temática, a escultura revela alguma ingenuidade do artista, com visível desproporção na relação corporal de Mãe e Filha, figuras hirtas, estáticas e sem grandes relevos.
A cumplicidade de Mãe e filha, nesta escultura bastante simplificada na forma, é magistralmente expressa no olhar, atento, levemente apreensivo, centrado no devoto em oração.
O bom gosto da paleta de côr aplicada na chacota, exigente suporte de pintura que obriga a não hesitações na pincelada, é de grande sabedoria. ´
É de referir a grande coerência da parte artística desta escultura com a temática da representação.
Curiosamente a identificação na base apresenta um erro de escrita no nome Ana, que deveria ser Anna, testemunho da limitada literacia do oleiro. Verso a branco, onde se destaca um número 5 a vinoso. No fundo etiqueta com referência a Guida Keil, irmã do colecionador e sua herdeira.
Esta peça pertence a um grupo constituído essencialmente por aquamanis, castiçais e imagens religiosas e profanas, relacionáveis com a majólica italiana e de caris renascentista, cujo aparecimento em Portugal surge a partir do segundo quartel de seiscentos, altura em que os nossos malagueiros já estavam aptos a produzir objectos de grande qualidade. No entanto, devido ao gosto pelo exotismo vindo da China que dominava o mercado europeu, a sua produção foi muito residual.
A presença de policromia anterior a 1650 é, no entanto, mais frequente nos objetos destinados ao mercado hanseático e associa o gosto orientalizante evocador da porcelana chinesa à estética italianizante, com utilização de antimoniato de chumbo. Mais distantes do exotismo que a Lisboa chegava, constituía um mercado menos exigente e mais e mais sensível à produção de Montelupo.
Este tipo de fabrico desapareceu a partir de 1650, com o início da laboração nos fornos holandeses. Tentando seguir a moda implementada pelos oleiros dos países baixos, a manufatura portuguesa começa a empregar o contorno a roxo de manganês e a policromia começou a escassear, sendo raros os objetos e imagens com este tipo de cromia.
Esta estatueta, exemplar único que se conhece com Santana, pertence a um grupo de cerca de nove imagens conhecidas que se destinariam a altares privados, executada por encomenda.
A qualidade de manufatura, quer no trabalho de modelação, quer nas subtilezas da decoração fazem-nos esquecer o facto de ter sido produzida num período de grande escassez de materiais e dificuldades financeiras, pós-restauração da independência, com uso de materiais de menor qualidade, conduzia a manifesta perda de brilho.
Ao amarelo adicionou-se maior quantidade de ferro - o que retira fulguração ao antimoniato de chumbo e exige mais opacificante, por se tratar de um óxido transparente - e no azul surgem misturas com manganês ou níquel, que dão colorações mais violáceas ou esverdeadas respetivamente, diminuindo a vibração do azul-cobalto.
A partir de 1650 a paleta torna-se mais terrosa, o que é acentuado pelo contorno roxo e a decoração simplifica-se. Com a perda das encomendas da Europa a produção destina-se maioritariamente ao mercado interno e possessões americanas nomeadamente Brasil.
Provenance
Col. Conde do Ameal (vendido no leilão do Conde do Ameal, Julho 1921 (cat. nº 1004); Col. Vasco Bensaúde; Col. Rui Quintela;Join our mailing list
* denotes required fields
We will process the personal data you have supplied in accordance with our privacy policy (available on request). You can unsubscribe or change your preferences at any time by clicking the link in our emails.