Par de garrafas Paisagem com Monges Budistas e Figuras Chinesas / A pair of bottles Landscape with Buddhist Monks and Chineses Figurines, 1660–1680
faiança portuguesa / portuguese faience
Alt.: / H. : 25,0 cm
C640
Unusual Portuguese faience bottles dating from the second half of
the 17th century, decorated in cobalt-blue and manganese-purple
pigment on tin-white enamel. Similar in shape, size and decorative
character they will be herewith described as a pair.
The truncated pyramid shaped wheel-turned body is filled
in a dense continuous ‘desenho miúdo’ composition (cf.: Intro.
Ch. IV), over an ornamental ‘baroque band’ of alternating scrolls,
a decorative motif continuously used up to the early 18th century.
This band is repeated on the shoulder of one bottle and replaced by
radiating petals on the other. The long cylindrical necks of flaring
lips are ornamented with inverted profiled volutes, a motif identified in other contemporary pieces
In one bottle’s body four exotic depictions of Chinese male
figures in identical, diametrically opposing, pairs; one pair of meditating Buddhist monks the other of reclining monks with parasols,
alternating with western style buildings of apparent eastern turrets, one with a flying flag, within an exuberant exotic landscape
creating a continuity that completes the figurative composition.
In the other bottle a pair of Chinese figures with parasols alternating with a grazing and a drinking deer. In common with the previous bottle the depictions of various structures, standing out one building with two towers, perhaps a church, and another with a domed turret, possibly a mosque, interspersed by floral ‘desenho miúdo’ motifs (cf.: Intro. Ch. IV). This pair of faience bottles documents the dissemination of Chinese porcelain in Portugal and the influence it exerted on 17th century ceramic production, by copying various oriental motifs and patterns, that were reinterpreted by Portuguese potters with graceful naivety, contrary to the Dutch production, of higher erudition but of limited originality. Similar bottles can be seen at the Museu Nacional de Arte Antiga in Lisbon (Inv. 2081–CER) and at the Paço Ducal de Vila Viçosa in the Alentejo region.
Invulgares garrafas em faiança portuguesa, da segunda metade do século XVII, decoradas a azul-cobalto e manganês, sobre esmalte estanífero. As peças são muito idênticas não só no formato, mas também na decoração e no tamanho, pelo que são consideradas como um par. O bojo rodado, com formato tronco-piramidal de secção quadrangular, com as quatro faces achatadas está decorado por uma faixa larga contínua com a gramática ornamental da decoração “Desenho Miúdo” (cf.: Intro. Cap. IV). Em ambas, o friso inferior do bojo, com base estrangulada está acentuado por “faixa barroca” com enrolamentos alternados—motivo que, depois deste período, continuou a ser utilizado até ao início do século XVIII. Este padrão repete-se no colo de um dos exemplares; no outro, está preenchido por pétalas dispostas radialmente. O gargalo comprido, cilíndrico e com bocal divergente, está envolvido por volutas invertidas, desenhadas de perfil, igualmente utilizadas noutros exemplares coevos. Numa das peças, a faixa circundante de desenho miúdo retrata quatro graciosas figuras chinesas do sexo masculino: diametralmente opostos, dois monges budistas, sentados em meditação, que alternam com outros religiosos reclinados, protegidos por “umbella”. Enquadram as personagens edificações de cariz ocidental, com torreões orientalizantes—uma das quais com bandeira hasteada, junto a exuberante palmeira — e ornatos de árvores e ramagens floridas variadas, dando continuidade e completando a sequência figurativa. Na outra, as faces também estão preenchidas por duas figuras de chineses, que alternam com animais. Os chinos passeiam-se protegidos por chapéu-de-sol, separados por gamo em pé, com a cabeça junto a vegetação rastejante, provavelmente a alimentar-se e, o outro, numa elevação rochosa, junto a um riacho onde bebe água. Tal como na garrafa anterior, estes quadros estão completados por edificações com torreões orientalizantes—destaca-se uma, com duas torres, que poderá ser a igreja e outra, com cúpula, sugerindo uma mesquita, separados por composições florais de “Desenho Miúdo” (cf.: Intro. Cap. IV). Estas interessantíssimas peças de faiança portuguesa documentam bem a larga difusão da porcelana chinesa em Portugal e o acentuado ascendente decorativo que a mesma exerceu na produção nacional de todo o século XVII, através da presença frequente de figuras e ornatos orientais, interpretados pelos decoradores portugueses com um misto de ingenuidade e graça, ao contrário dos pintores holandeses de formação artística mais erudita e académica, copiando com menor fantasia a decoração das peças chinesas. Existem algumas garrafas com características idênticas em colecções nacionais. Destacam-se, a que está no Museu Nacional de Arte Antiga, (Inv. 2081–CER) e os dois pares que estão no Palácio de Vila Viçosa, embora aqui, unicamente preenchidas com motivos vegetalistas.
In the other bottle a pair of Chinese figures with parasols alternating with a grazing and a drinking deer. In common with the previous bottle the depictions of various structures, standing out one building with two towers, perhaps a church, and another with a domed turret, possibly a mosque, interspersed by floral ‘desenho miúdo’ motifs (cf.: Intro. Ch. IV). This pair of faience bottles documents the dissemination of Chinese porcelain in Portugal and the influence it exerted on 17th century ceramic production, by copying various oriental motifs and patterns, that were reinterpreted by Portuguese potters with graceful naivety, contrary to the Dutch production, of higher erudition but of limited originality. Similar bottles can be seen at the Museu Nacional de Arte Antiga in Lisbon (Inv. 2081–CER) and at the Paço Ducal de Vila Viçosa in the Alentejo region.
Invulgares garrafas em faiança portuguesa, da segunda metade do século XVII, decoradas a azul-cobalto e manganês, sobre esmalte estanífero. As peças são muito idênticas não só no formato, mas também na decoração e no tamanho, pelo que são consideradas como um par. O bojo rodado, com formato tronco-piramidal de secção quadrangular, com as quatro faces achatadas está decorado por uma faixa larga contínua com a gramática ornamental da decoração “Desenho Miúdo” (cf.: Intro. Cap. IV). Em ambas, o friso inferior do bojo, com base estrangulada está acentuado por “faixa barroca” com enrolamentos alternados—motivo que, depois deste período, continuou a ser utilizado até ao início do século XVIII. Este padrão repete-se no colo de um dos exemplares; no outro, está preenchido por pétalas dispostas radialmente. O gargalo comprido, cilíndrico e com bocal divergente, está envolvido por volutas invertidas, desenhadas de perfil, igualmente utilizadas noutros exemplares coevos. Numa das peças, a faixa circundante de desenho miúdo retrata quatro graciosas figuras chinesas do sexo masculino: diametralmente opostos, dois monges budistas, sentados em meditação, que alternam com outros religiosos reclinados, protegidos por “umbella”. Enquadram as personagens edificações de cariz ocidental, com torreões orientalizantes—uma das quais com bandeira hasteada, junto a exuberante palmeira — e ornatos de árvores e ramagens floridas variadas, dando continuidade e completando a sequência figurativa. Na outra, as faces também estão preenchidas por duas figuras de chineses, que alternam com animais. Os chinos passeiam-se protegidos por chapéu-de-sol, separados por gamo em pé, com a cabeça junto a vegetação rastejante, provavelmente a alimentar-se e, o outro, numa elevação rochosa, junto a um riacho onde bebe água. Tal como na garrafa anterior, estes quadros estão completados por edificações com torreões orientalizantes—destaca-se uma, com duas torres, que poderá ser a igreja e outra, com cúpula, sugerindo uma mesquita, separados por composições florais de “Desenho Miúdo” (cf.: Intro. Cap. IV). Estas interessantíssimas peças de faiança portuguesa documentam bem a larga difusão da porcelana chinesa em Portugal e o acentuado ascendente decorativo que a mesma exerceu na produção nacional de todo o século XVII, através da presença frequente de figuras e ornatos orientais, interpretados pelos decoradores portugueses com um misto de ingenuidade e graça, ao contrário dos pintores holandeses de formação artística mais erudita e académica, copiando com menor fantasia a decoração das peças chinesas. Existem algumas garrafas com características idênticas em colecções nacionais. Destacam-se, a que está no Museu Nacional de Arte Antiga, (Inv. 2081–CER) e os dois pares que estão no Palácio de Vila Viçosa, embora aqui, unicamente preenchidas com motivos vegetalistas.
Provenance
Colecção Manuel da Bernarda, Alcobaça.Join our mailing list
* denotes required fields
We will process the personal data you have supplied in accordance with our privacy policy (available on request). You can unsubscribe or change your preferences at any time by clicking the link in our emails.