Aquamanil "Quimera" / A Chimera Aquamanil, Lisboa, 1620-1640
faiança portuguesa / portuguese faience
Alt. / H. : 26,5 cm
C634
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Extremely rare Portuguese faience aquamanile dating from the first half of the 17th century, decorated in cobalt-blue pigment on a tin-white enamelled ground. The unusual vessel is moulded and shaped as a fantastic chimera of equine head and neck and pronounced female torso of marked waistline, fused onto a hybrid lower body with lion paws, bird wings and a long robust fish tail that curves upwards, to join the back of the head, forming a handle.The decorative composition is highlighted and enriched by a bright cobalt-blue pigment in a variety of shades and ornamental motifs reflecting the influence of European prototypes, such as the elaborate jewel-like necklace, the grotesque mask bodice, the scrolled acanthus shoulders and the two large abdominal fleuron cut by a keel like blade. The tale floral decoration however, albeit of looser and freer character, suggests the aesthetic grammar of contemporary Chinese porcelain prototypes.This rare piece, undoubtedly produced by a Lisbon pottery workshop, was conceived with particular care, both in its shape and ornamentation, and was most certainly destined to an aristocratic and erudite clientele that would display it in the courtly washing of the hands ceremony that preceded the meals. Identical use had the various extant bronze examples of equally extravagant shapes and aquatic allusions.The fantastic character of this aquamanile, distinct from medieval creations and from other contemporary European pieces, was only conceivable due to the wide diversity of cultures and exotic objects from far-away lands that merged in Lisbon, and overlapped with Italian Renaissance elements and Mannerist grammars characteristic of early 17th century Portuguese art.It is also relevant to refer the close decorative relationship between this piece and contemporary tile productions, namely in relation to the grotesque ornaments, and other simpler popular motifs that reflected the naïve character of Portuguese ceramic painters of the early to mid-17th century, such as some tile borders and other freer ornamental compositions.This piece is associated to a small extant group, identical in shape and decorated in similar blue and white motifs, such as an aquamanile formerly in the José Maria Jorge collection and later in the Mário Roque collection, and others in Portuguese and overseas museums. In this group we would also refer a polychrome example in the M.P. collection in Lisbon. Other extant mermaid or fish shaped aquamanilia, normally of polychrome decoration, can be dated to the same period and quite possibly, originate from one single pottery workshop.A similar piece was exhibited at Un Firmament de Porcelaines, de la Chine à l’Europe, in the Musée National des Arts Asiatiques – Guimet in Paris (March-June 2019).
Raro aquamanil de faiança portuguesa da primeira metade do século XVII, pintado a azul-cobalto sobre esmalte estanífero branco. Invulgar peça moldada e modelada, em forma de quimera fantástica, com cabeça levantada de equídeo, sobre pescoço alto, peito feminino pronunciado, cintura reentrante e restante corpo híbrido. Tem patas de leão, saliências laterais simulando asas e, no tardoz, cauda de peixe, cuja barbatana de remate está unida à cabeça da figura, formando a asa do aquamanil. Estas diversas formas são realçadas por rica decoração pintada em vários tons de azul e com ornatos diferenciados, como a gargantilha que acentua o pescoço e o colo, o colete que envolve o tronco com uma expressiva carranca representada na frente, acantos enrolados nas espaldas e dois florões na barriga, separados por uma espécie de quilha (fragmentada), reflectindo modelos europeus. Na cauda, a decoração floral, apesar de muito livre e solta, sugere o gosto decorativo da porcelana chinesa. Rara peça, produzida nas oficinas de Lisboa e concebida com grande requinte na forma e na decoração, que era certamente destinada a uma clientela aristocrática e erudita e servia à lavagem das mãos antes dos banquetes, com uma função idêntica à dos jarros, deitando a água pela boca da quimera, que era introduzida através de um orifício na cabeça da mesma. Tinham igual função outros aparatosos exemplares em bronze, de formas extravagantes e temas aquáticos. O carácter fantástico deste aquamanil, distinto das criações medievais e das peças europeias congéneres, só foi possível devido à diversidade de culturas e objectos insólitos, que neste período confluíam a Lisboa, fundindo-se com elementos ainda herdados do Renascimento italiano e com as manifestações maneiristas que caracterizavam a arte portuguesa da primeira metade do seculo XVII.Deve-se ainda referir a familiaridade entre esta peça e as várias composições da azulejaria coeva, nomeadamente os ornatos de grotesco e outros motivos populares que reflectiam o carácter mais ingénuo dos decoradores portugueses do segundo quartel do século XVII, como algumas cercaduras de padronagem e as composições ornamentais livres. Só um número restrito de vasilhas idênticas a esta, na forma e na decoração, chegaram ao presente, igualmente pintadas a azul e branco, com muitas semelhanças decorativas, como um exemplar que pertenceu à colecção de José Maria Jorge e mais tarde a Mário Roque, e outros em museus nacionais e estrangeiros. Neste grupo realçamos um jarro pintado em policromia da colecção particular M.P. Outros aquamanis conhecidos, em forma de sereia ou de peixe, geralmente pintados em policromia, poderão ser deste mesmo período e, possivelmente, da mesma oficina desta magnífica peça.Um exemplar semelhante esteve exposto em Un Firmament de Porcelaines, de la Chine à l’Europe, no Musée National des Arts Asiatiques – Guimet em Paris (Março – Junho de 2019).
Raro aquamanil de faiança portuguesa da primeira metade do século XVII, pintado a azul-cobalto sobre esmalte estanífero branco. Invulgar peça moldada e modelada, em forma de quimera fantástica, com cabeça levantada de equídeo, sobre pescoço alto, peito feminino pronunciado, cintura reentrante e restante corpo híbrido. Tem patas de leão, saliências laterais simulando asas e, no tardoz, cauda de peixe, cuja barbatana de remate está unida à cabeça da figura, formando a asa do aquamanil. Estas diversas formas são realçadas por rica decoração pintada em vários tons de azul e com ornatos diferenciados, como a gargantilha que acentua o pescoço e o colo, o colete que envolve o tronco com uma expressiva carranca representada na frente, acantos enrolados nas espaldas e dois florões na barriga, separados por uma espécie de quilha (fragmentada), reflectindo modelos europeus. Na cauda, a decoração floral, apesar de muito livre e solta, sugere o gosto decorativo da porcelana chinesa. Rara peça, produzida nas oficinas de Lisboa e concebida com grande requinte na forma e na decoração, que era certamente destinada a uma clientela aristocrática e erudita e servia à lavagem das mãos antes dos banquetes, com uma função idêntica à dos jarros, deitando a água pela boca da quimera, que era introduzida através de um orifício na cabeça da mesma. Tinham igual função outros aparatosos exemplares em bronze, de formas extravagantes e temas aquáticos. O carácter fantástico deste aquamanil, distinto das criações medievais e das peças europeias congéneres, só foi possível devido à diversidade de culturas e objectos insólitos, que neste período confluíam a Lisboa, fundindo-se com elementos ainda herdados do Renascimento italiano e com as manifestações maneiristas que caracterizavam a arte portuguesa da primeira metade do seculo XVII.Deve-se ainda referir a familiaridade entre esta peça e as várias composições da azulejaria coeva, nomeadamente os ornatos de grotesco e outros motivos populares que reflectiam o carácter mais ingénuo dos decoradores portugueses do segundo quartel do século XVII, como algumas cercaduras de padronagem e as composições ornamentais livres. Só um número restrito de vasilhas idênticas a esta, na forma e na decoração, chegaram ao presente, igualmente pintadas a azul e branco, com muitas semelhanças decorativas, como um exemplar que pertenceu à colecção de José Maria Jorge e mais tarde a Mário Roque, e outros em museus nacionais e estrangeiros. Neste grupo realçamos um jarro pintado em policromia da colecção particular M.P. Outros aquamanis conhecidos, em forma de sereia ou de peixe, geralmente pintados em policromia, poderão ser deste mesmo período e, possivelmente, da mesma oficina desta magnífica peça.Um exemplar semelhante esteve exposto em Un Firmament de Porcelaines, de la Chine à l’Europe, no Musée National des Arts Asiatiques – Guimet em Paris (Março – Junho de 2019).
Provenance
Col. João Miguel Pinto Teixeira, Lisboa; Col. Sangreman Proença, Évora.Join our mailing list
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