Pichel

Nº de referência da peça: 
C680

Faiança portuguesa
Lisboa, 1635-1650
Alt.: 20,0 cm
Prov.: Colecção M.P., Lisboa

Pitcher
Portuguese Faience
Lisbon, 1635-1650
H.: 20,0 cm
Prov.: M.P. collection, Lisbon

A rare, first-half of the 17th century container known as a pitcher, used for taking wine from large vessels and barrels. The elegant semi-circular handle links the ovoid shaped body, raised on a conical foot, to the elevated cylindrical neck.
Decorated in antimony-yellow and cobalt-blue pigments on a pewter-white background, the central body section, of elegant lobulated cartouche, depicts a well-known mythological scene of a pelican feeding her young her own blood. The remaining surfaces are filled by foliage and flower motifs and exuberant, apparently aquatic plants, emerging from a rock outcrop by a balustrade. On the neck and foot a vertical band and filleted border lock the composition. The pitcher is mounted with a contemporary German pewter lid of engraved ownership mark.
The pelican is symbolic of the Passion of Christ and of the Holy Communion. As Christ has given His blood to feed His people, so does the pelican, by wounding its own breast to feed its own blood and flesh.
On the basis of its format and decorative composition, the present pitcher is a valuable example of symbiosis between Chinese and European culture. Of the former, the cobalt-blue decoration on the white enamelled ground, allied to the mimicry of foliage elements and their distribution, clearly derived from Ming porcelain models. Of the latter the recognizable western shape, as well as the decorative Italian majolica inspiration, particularly in the depiction of the main central scene and use of antimony-yellow pigment.
Portuguese ceramic pitchers, produced in large numbers for export to Northern German cities - where the pewter lid was applied on arrival – followed typologies of contemporary German jugs. The absence of specific decorative models however, forced Portuguese potters to explore their own decorative solutions, resulting in a hybridism reconciling northern shapes to Portuguese emerging exotic tastes.
Almost exclusively exported to that European region, these jugs have been wrongly referred to as “Hamburg faience” pitchers, being recorded in some northern museums under this classification. These particular daily use wares were in stark contrast with exports to other markets, which favoured alternative typologies such as plates and display pieces.
The artist’s creativity is, in this instance, valued as a taste adjusted to Renaissance Europe. Effectively, other countries, namely those of the European coasts such as Holland, that cherished Chinese porcelain, preferred pieces that adopted distant exoticism and cobalt-blue monochromes in the Ming taste.

Raro jarro denominado “Pichel”, utilizado para tirar o vinho de vasilhas e tonéis, da primeira metade do século XVII, decorado a amarelo e azul-cobalto, sobre esmalte estanífero.
A peça, de corpo ovoide, prolonga-se por um colo alto cilíndrico, assenta sobre base cónica e possui uma pega semicircular.
Na frente do bojo, em reserva lobulada, um pelicano a alimentar seus filhotes, oferecendo o seu sangue aos filhos.
O restante corpo do jarro está preenchido por decoração vegetalista, uma exuberante planta, aparentemente aquática, junto a uma rocha e à frente de uma balaustrada.
No colo e na base, cercadura de barras verticais entre filetes rematam a composição. Tampa em estanho alemã com marca de posse.
O Pelicano é símbolo da Paixão de Cristo e da Eucaristia. Tal como Jesus Cristo deu o seu sangue para alimentar o povo, o pelicano, na falta de peixes para alimentar as crias, pica o peito e oferece a carne e sangue aos seus filhos.
Esta peça é exemplo de simbiose entre a cultura chinesa e a europeia. No primeiro caso, evoca-se a decoração a azul-cobalto sobre o branco de esmalte estanífero, aliada ao mimetismo dos elementos vegetalistas e sua distribuição, derivados da porcelana Ming. No segundo distingue-se, não só a forma, mas também a inspiração na Majólica italiana, sobretudo na representação da figura principal em cartela e a utilização do amarelo de antimónio.
Os picheis de louça de produção portuguesa, manufacturados em larga escala para as cidades do Norte da Alemanha - local onde era normalmente aposta a tampa de estanho - seguem a tipologia dos jarros germânicos da época. A ausência de modelos decorativos específicos obrigou os artesãos portugueses a encontrarem soluções decorativas próprias, tendo resultado numa peça hibrida, que concilia a morfologia nórdica ao gosto pelo exotismo que despertava nesta época, entre nós.
Devido à sua produção resultar, quase exclusivamente, de encomendas para esta região, estes jarros têm sido erroneamente designados por pichéis de “faiança de Hamburgo”, encontrando-se em alguns museus nórdicos sob esta designação. Contrariamente às exportações para os outros países da Europa, onde as encomendas eram preferencialmente pratos e outros objetos de aparato, aqui eram peças, na sua maioria, ligadas ao quotidiano.
Privilegia – se a criatividade do artista, com um gosto mais virado para a Europa da Renascença. Efetivamente, outros países, nomeadamente os da costa europeia, tal como a Holanda, apreciadores da porcelana da china, preferiam peças onde fosse privilegiado o exotismo longínquo e a utilização monocromática de azul-cobalto, ao gosto Ming.

  • Arte Portuguesa e Europeia
  • Azulejos e Faianças

Formulário de contacto - Peças

CAPTCHA
This question is for testing whether or not you are a human visitor and to prevent automated spam submissions.
Image CAPTCHA
Enter the characters shown in the image.