Cofre Indo-português / An Indo-Portuguese Casket, India, Guzarate, séc. XVI / Gujarat16th c.
tartaruga, folha de ouro e prata / turtleshell, gold leaf and silver
7 x 13 x 8 cm
F935
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Coffret exceptionnel en forme de chapelle, en écaille de tortue garnie d’argent, provenant des ateliers du Gujarat et daté de la deuxième moitié du XVIe siècle.La boîte et le couvercle ont été exécutés en écaille de tortue translucide et mouchetée (écailles dorsales de l’Eretmochelys imbricata ou tortue imbriquée), placée sur feuille d’or,accentuant le contraste et la beauté de la pièce.Les plaques sont entourées de bordures d’argent découpées au ciseau, tandis que d’exubérantes cornières, fixées par de petits clous en forme de rosace ornée d’une étoile, renforcent les quatre angles du coffret. Ces ferrures portent les mêmes motifs décoratifs répétitifs, composés de cerfs, d’oiseaux, d’éléments floraux à trois feuilles et de rameaux entrelacés, reproduits en relief par la technique du repoussé et du ciselé.Les charnières, le loquet, le cliquet et l’anse sont entièrement martelés et ornés d’un abondant et délicat travail de repoussé et ciselé. L’entrée de serrure, à caisson, est formée d’une frise ciselée ornée de zigzags et d’un écusson représentant un oiseau et des motifs végétaux. Le fermoir se compose d’un cliquet décoré d’une fleur en relief et d’une bande fixée au couvercle au moyen de clous en forme de boutons perlés avec étoile à sept pointes. Tous les éléments décoratifs se détachent en relief sur le fond martelé au ciselet de façon irrégulière.Les faces latérales du couvercle sont totalement recouvertes d’argent et présentent une composition symétrique autour d’un axe central formé de deux entrelacs floraux unis par un anneau central, encadrant deux cervidés en vis-à-vis, placés symétriquement, la tête tournée vers l’arrière – une représentation caractéristique de la genèse des arts du Proche- Orient Ancien et reproduite dans la décoration moghole. L’anse est torsadée et comporte un bracelet central en anneaux. Elle se termine par des têtes de serpent délicatement ciselées.Il s’agit d’un coffret original et d’excellente qualité, non seulement en raison du raffinement des matériaux et des techniques employées, mais aussi en vertu de son format particulier : son couvercle pointu, telle une toiture à deuxExceptionally rare silver-mounted rectangular tortoiseshell casket of dual pitched lid, certainly manufactured in a Gujarati workshop in the second half of the 16th century.The case and the lid of this small casket were cut from plates of translucent speckled tortoiseshell from the Hawksbill Turtle (Eretmochelys Imbricata) and underlayed by gold leaf giving it deep contrasting tones and sophisticated beauty. The plaques are joined at the angles by indented silver strips with large and exhuberantly decorated corner pieces, fixed by small seven-pointed star round-headed tacks and decorated with a common matrix of chased and repoussé motifs of animals, birds and swirling trifoil floral elements.The hinges, lock, latch and handle are adorned according to the same chased and repoussé techniques following na identical decorative language. The lock is boxed and raised within a zigzag motif band frame and engraved with a bird and vegetal patterns. The latch is fixed to the lid by round-headed silver tacks. The decorative scheme is completed by a puncturedbackground that highlights the artistic accomplishment of the piece.The two lid profiles are silver wrapped and each surfasse defined by a central axis of winding floral motifs, decorated symmetrically with pairs of animals, heads bent backwards, ina depiction characteristic of early Middle Eastern art and often used in Mughal decorative compositions. A central rounded hoop and naturalistic snake head finials enrich the handle’stwisted rope design.The rarity of this casket relates not only to the precious and exclusive materials that it employs, and to the sophisticated manufacturing techniques involved in its construction, but also to its atypical two gabled architectural form alluding to popular Portuguese religious buildings, thus transforming it into a rather striking example.The chased and repoussé decoration of scrolled vegetal patterns, al-tawriq in Arabic, with stylized leafs and split stalks, share a common root with Islamic Cordovan art of the 9th and 10th centuries.
According to Nuno Vassalo e Silva this type of Islamic derived decoration, of floral and vegetal scrolls interspersed with animals on a tightly punctured background ‘was a decorative scheme well known in Northern India’, and one that would later be widely assimilated and repeated by silversmiths in the various Indian Portuguese territories.
Excepcional cofre com formato de capela, em tartaruga guarnecido a prata, das oficinas de Guzerate datável da 2ª metade do século XVI.A caixa e a tampa foram executadas com tartaruga translúcida e mosqueada (escamas dorsais da Eretmochelys Imbricata ou tartaruga-de-pente), colocada sobre folha de ouro o que lhe confere maior contraste e beleza.As placas estão rematadas por tarjas de prata recortadas à tesoura, com exuberantes cantoneiras reforçando as quatro esquinas, fixas por balmázios em forma de rosácea com estrela. Ambas estão decoradas segundo a mesma matriz, com veados, aves e elementos florais em trifólio, de vergônteas enroladas, que se repetem em relevo pela técnica do repuxado e cinzelado.As dobradiças, o ferrolho, a lingueta e a asa, são integralmente chapeadas, com denso e delicado trabalho de repuxado e cinzelado. A fechadura é em caixotão com orla cinzelada de elementos em ziguezague, adornada com ave e motivos vegetalistas, colocadas junto do escudete. A lingueta do ferrolho é decorada com flor relevada e cinta fixada na tampa através de balmázios, em botão perlado com estrela de sete pontas. Todos os elementos decorativos se enlevam sobre fundo puncionado “cinzel apontado de formato irregular”Na tampa, as laterais das cumeadas estão integralmente cobertas de prata e apresentam uma composição simétrica, com um eixo central formado por dois enrolamentos florais, unidos por argola central, enquadrando dois cervídeos afrontados e colocados em simetria, com a cabeça no sentido inverso ao corpo, representação característica dos primórdios nas artes do Próximo Oriente Antigo e reproduzida na decoração Mogol. A asa é torcida em hélice com braçadeira central anelada e rematada por cabeças de serpe cinzeladas com nitidez. A excelência e particularidade deste cofre deve-se, não só à preciosidade dos materiais e técnicas empregados, mas também à raridade do seu formato, cuja tampa acuminada, em telhado de duas águas, sugerindo uma capela, lhe dá a peculiaridade de se transformar num exemplar escasso e surpreendente.A decoração em prata cinzelada e relevada de enrolamentos vegetalistas, simplificados e convergentes, em ataurique (al tauriq) de folhas estilizadas e talos fendidos a meio, mostram uma característica comum à ornamentação da arte islâmica califal cordovesa do século IX e X.Segundo Nuno Vassallo e Silva, estas montagens com os espiralados das ramagens semeados de pequenos animais sobre superfícies puncionadas “seria um motivo bem divulgado no Norte da Índia” e que mais tarde os ourives das várias possessões portuguesas o terão assimilado, após contactos directos com a produção artística dessa região.
Bibliografia
— FLORES, Jorge, SILVA, Nuno Vassallo, Goa e o Grao-Mogol (cat.), Lisboa, FCG, 2004.— FERRAO, Bernardo, Mobiliário Portugues, Vol. III, Porto, Lello & Irmao, 1990.— CRESPO, Hugo Miguel, Jóias da Carreira da Índia (cat.), Lisboa, F. Oriente, 2014.— PEARSON, M.N., Os Portugueses na Índia – Colecçao de Cabo a Cabo, Lisboa, Editorial Teorema, Lda, 2003.— SILVA, Nuno Vassallo e, “Pedras Preciosas, Jóias e Camafeus: A Viagem de Jacques de Coutre de Goa a Agra”, in Goa e o Grao-Mogol (cat.), Lisboa, FCG, 2004.
According to Nuno Vassalo e Silva this type of Islamic derived decoration, of floral and vegetal scrolls interspersed with animals on a tightly punctured background ‘was a decorative scheme well known in Northern India’, and one that would later be widely assimilated and repeated by silversmiths in the various Indian Portuguese territories.
Excepcional cofre com formato de capela, em tartaruga guarnecido a prata, das oficinas de Guzerate datável da 2ª metade do século XVI.A caixa e a tampa foram executadas com tartaruga translúcida e mosqueada (escamas dorsais da Eretmochelys Imbricata ou tartaruga-de-pente), colocada sobre folha de ouro o que lhe confere maior contraste e beleza.As placas estão rematadas por tarjas de prata recortadas à tesoura, com exuberantes cantoneiras reforçando as quatro esquinas, fixas por balmázios em forma de rosácea com estrela. Ambas estão decoradas segundo a mesma matriz, com veados, aves e elementos florais em trifólio, de vergônteas enroladas, que se repetem em relevo pela técnica do repuxado e cinzelado.As dobradiças, o ferrolho, a lingueta e a asa, são integralmente chapeadas, com denso e delicado trabalho de repuxado e cinzelado. A fechadura é em caixotão com orla cinzelada de elementos em ziguezague, adornada com ave e motivos vegetalistas, colocadas junto do escudete. A lingueta do ferrolho é decorada com flor relevada e cinta fixada na tampa através de balmázios, em botão perlado com estrela de sete pontas. Todos os elementos decorativos se enlevam sobre fundo puncionado “cinzel apontado de formato irregular”Na tampa, as laterais das cumeadas estão integralmente cobertas de prata e apresentam uma composição simétrica, com um eixo central formado por dois enrolamentos florais, unidos por argola central, enquadrando dois cervídeos afrontados e colocados em simetria, com a cabeça no sentido inverso ao corpo, representação característica dos primórdios nas artes do Próximo Oriente Antigo e reproduzida na decoração Mogol. A asa é torcida em hélice com braçadeira central anelada e rematada por cabeças de serpe cinzeladas com nitidez. A excelência e particularidade deste cofre deve-se, não só à preciosidade dos materiais e técnicas empregados, mas também à raridade do seu formato, cuja tampa acuminada, em telhado de duas águas, sugerindo uma capela, lhe dá a peculiaridade de se transformar num exemplar escasso e surpreendente.A decoração em prata cinzelada e relevada de enrolamentos vegetalistas, simplificados e convergentes, em ataurique (al tauriq) de folhas estilizadas e talos fendidos a meio, mostram uma característica comum à ornamentação da arte islâmica califal cordovesa do século IX e X.Segundo Nuno Vassallo e Silva, estas montagens com os espiralados das ramagens semeados de pequenos animais sobre superfícies puncionadas “seria um motivo bem divulgado no Norte da Índia” e que mais tarde os ourives das várias possessões portuguesas o terão assimilado, após contactos directos com a produção artística dessa região.
Bibliografia
— FLORES, Jorge, SILVA, Nuno Vassallo, Goa e o Grao-Mogol (cat.), Lisboa, FCG, 2004.— FERRAO, Bernardo, Mobiliário Portugues, Vol. III, Porto, Lello & Irmao, 1990.— CRESPO, Hugo Miguel, Jóias da Carreira da Índia (cat.), Lisboa, F. Oriente, 2014.— PEARSON, M.N., Os Portugueses na Índia – Colecçao de Cabo a Cabo, Lisboa, Editorial Teorema, Lda, 2003.— SILVA, Nuno Vassallo e, “Pedras Preciosas, Jóias e Camafeus: A Viagem de Jacques de Coutre de Goa a Agra”, in Goa e o Grao-Mogol (cat.), Lisboa, FCG, 2004.
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