Mesa de Encostar D. José II, Portugal, séc. XVIII
A sophisticated solid rosewood side table, dating from the third-quarter of the 18th century. Of dark brown densely patterned timbers, enhanced by mellow honey coloured shades, this exceptional table is evidence of the careful selection of raw materials, masterly technical control and coherence of design that characterise the best Portuguese furniture dating from the reign of King José I (1750-1777). The virtuous undulating structure is also successfully defined by the elegant balance that highlights its plastic characteristics, as well as the undisputed quality of the Brazilian Rosewood (Dalbergia nigra) timbers.
The table top, of plain peripheral moulding and sinuous movement, is matched by the undulating movement of the case, to which it is fixed by pegs in the same timber.The two identical front drawers, of Brazilian mahogany structures, are decorated by stepped concave and convex moulding and gilt bronze foliage handles, which, albeit of being of later casting comparatively to the table, match and complement the third-quarter of the 18th century rigorous aesthetic ideals that define the structure.
The elegant profile that accompanies the peripheral length of the apron is framed by delicate shaped frieze that fully extends along the cabriole shaped legs terminating in foliage pipe shaped feet. Both the front and lateral aprons are defined by virtuous deep carved decorative motifs of excellent technical control and strong visual impact, forming foliage curve and counter curve scrolls that reinforce the table’s contained decorative exuberance.
Side tables are charismatic 18th century pieces of furniture and a typology that was much favoured in Portugal. They are somewhat hybrid creations related to both the consoles and the commodes.
Canti, Tilde, O Móvel no Brasil, Origens, Evolução e Características, Candido Guinle de Paula Machado, 1985
Freire, Fernanda Castro, 50 dos Melhores Móveis Portugueses, Chaves Ferreira – Publicações, S.A., 1995
Freire, Fernanda Castro, Mobiliário II, Lisboa, Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, 2002
Importante mesa de encostar executada no terceiro quartel do séc. XVIII, em pau-santo de cor castanha escura e tons mel, de vergada bem marcada, evidenciando na sua construção uma cuidada seleção da matéria-prima, excelente qualidade técnica e coerência de conceção. A estrutura, de movimento ondulante bem acentuado, caracteriza-se por um elegante equilíbrio que realça em simultâneo as características plásticas e a excecional qualidade do pau-santo do Brasil (Dalbergia nigra).
O tampo, de moldurado periférico simples e movimento sinuoso, define-se pelo virtuosismo da ondulação do aro que o suporta, e ao qual se fixa através de cavilhados na mesma madeira. A frente da mesa é preenchida por duas gavetas de forros em vinhático, cujas faces são rematadas por moldurado escadeado côncavo e convexo, de onde se destacam ferragens em bronze dourado de motivos vegetalistas, as quais, embora de execução mais tardia, se enquadram com perfeição no rigoroso ideal estético contemporâneo desta peça de mobiliário do reinado de D. José I (1750-1777). Os elegantes recortes que rematam a totalidade do perímetro da aba são debruados em verdugo que se prolonga ao longo da altura das pernas até terminar em delicados pés de cachimbo.
O saial, bem como as ilhargas, evidenciam cuidada decoração em talha baixa de excelente execução e forte impacto visual, formando enrolamentos de motivos vegetalistas em curva e contracurva, que reforçam a exuberância decorativa característica deste período. As pernas, cada uma cortada de uma única peça de pau-santo que se estende a toda a altura, são finas e elegantes, de galbo projetante acentuado e ângulos em aresta viva boleada na quase totalidade da face interior e até à altura do joelho na face exterior. As pernas traseiras são cortadas a direito no tardoz, numa simulação das pernas anteriores, o que sugere que se tratará de um exemplar de um par de mesas idênticas que, ao encostar pelo lado reto, formariam uma grande mesa de centro, conforme era comum nesta tipologia.
As mesas de encostar são um tipo de móvel carismático da segunda metade do séc. XVIII e de uma tipologia muito apreciada em Portugal, sendo de algum modo uma construção hibrida situada entre as consolas e as meias cómodas.
Bibliografia:
Canti, Tilde, O Móvel no Brasil, Origens, Evolução e Características, Candido Guinle de Paula Machado, 1985
Freire, Fernanda Castro, 50 dos Melhores Móveis Portugueses, Chaves Ferreira – Publicações, S.A., 1995
Freire, Fernanda Castro, Mobiliário II, Lisboa, Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, 2002