Cofre

Nº de referência da peça: 
F1117

Teca, madrepérola e prata
Índia, Guzarate, séc. XVI (2a metade)
Dim.: 9,8 x 14,8 x 9,6 cm
Prov.: Colecção A.H.O., Lisboa
Expo.: ‘Exótica', Vienna Museum 2000 and F.C.G. 2002, p. 133
Pub.: 'Mobiliário Indo-Português', p. 244; 'O Contador das Cenas Familiares', p. 31

Casket
Teak, mother-of-pearl and silver
India, Gujarat, second half of the 16th century
Dim.: 9,8 x 14,8 x 9,6 cm
Prov.: A.H.O. collection, Lisbon
Exhib.: ‘Exótica', Vienna Museum 2000 and F.C.G. 2002, p. 133
Pub.: 'Mobiliário Indo-Português', p. 244; 'O Contador das Cenas Familiares', p. 31

Important parallelepiped casket with three faceted cambered lid, one of the European typologies most often copied by Gujarati cabinet makers, either in Turbo marmoratus and local pearl oyster mother-of-pearl mosaic, or in tortoiseshell from Eretmochelys imbricata.
The present casket has been decorated in an elegant fish scale mosaic of Turbo marmoratus tesserae, each side framed by a border of rectangular pearl oyster shell segments, possibly from Pinctada maxima. On the lid, identically framed, a decorative pattern of equilateral triangle bands. The extremely rare 16th century Portuguese wrought, cut and chiselled silver mounts, consisting of lock, side and top handles and hinges, of obvious architectural inspiration, were probably made in Lisbon.
The rectangular boxed and raised lock case, engraved with a chequered motif framed by an ovoid border, is surmounted by a pilaster shaped latch, of chiselled fluted decoration on the upper section. The sober and elegant hinges, of clear Renaissance design, adopt identical decorative details, while the three articulated handles, curvilinear arches topped by small stylised crowns, are engraved with single fillets and fixed to the case by large rosette plates.
This small mother-or-pearl casket, intended as a jewellery case in a likely marriage context, was originally finished, in its interior and base, in a red shellac polish. Today it presents a curious lead lining, denouncing its later use as a reliquary, an alteration often seen in similar pieces.
The Indian origin of this production, centred in the area between the cities of Cambay and Surat, in the northern state of Gujarat, is plainly confirmed by the abundance of documentary evidence, and by surviving 16th century wooden structures coated in mother-of-pearl tesserae.
Basins, drinking cups, dishes, bowls, bottles, jugs and ewers, all replicate in mother-of-pearl their European pewter or silver prototypes, which were carried by the first Portuguese that landed on the west Indian coast, in the same manner that the caskets, such as the example here described, copy well known European models, such as the French Boiled Leather “cuir bouilli” chests of identical three faceted lids.
The mother-of-pearl tesserae were fixed or glued to each other by brass, iron or silver pins, sometimes with internal brass bands as a structure for double sided three dimensional objects, or directly onto a wooden carcass, as is the case with large plates and salvers, caskets and small chests.
Originally commissioned and imported by the Portuguese, the first of such objects to arrive in Lisbon were most certainly destined to the Royal House, courtiers and princely collections as recorded in contemporary inventories. The first documented pieces seem to be those listed in the inventory of king Manuel I (r. 1495-1521) Royal Wardrobe, collated after the king’s death: “A mother-of-pearl inlaid Indian casket with eighteen silver plaques”(Hū cofre da Imdia marchetado de raiz daljofre com dezoito chapas de prata).

Pequeno e importante cofre de corpo paralelepipédico e tampa trifacetada ou prismática, uma das tipologias europeias de cofres que os artífices guzarates mais copiaram tanto nas peças de mosaico de madrepérola — do gastrópode marinho Turbo marmoratus e também de espécies locais de ostra perlífera— como em tartaruga, da espécie Eretmochelys imbricata.

O presente cofre exibe padrão de escamas (com tesselas de Turbo marmoratus) na frente, ilharga e tardoz (com emolduramentos de tesselas quadrangulares de ostra perlífera, provavelmente Pinctada maxima), e padrão de triângulos nas faces da tampa.

As montagens de prata quinhentistas, de origem portuguesa, provavelmente lisboetas e de grande raridade, em prata forjada, recortada e cinzelada com decoração de carácter arquitectónico, consistem na fechadura, nas asas das ilhargas e da tampa e nas dobradiças do tardoz.

A fechadura, em caixa rectangular alteada e decorada por enxaquetado a cinzel na frente emoldurada por friso ovado recortado, apresenta uma lingueta como pilastra com canelado na ligação superior onde fixa à tampa. Da mesma forma são as singelas dobradiças no tardoz, de fino recorte renascentista e grande sobriedade. As asas, basculantes, são em chapa recortada, como que em arco contracurvado, decoradas nos limites por filete simples, sendo a ligação ao suporte por largas tachas em roseta.

Decorada originalmente, tanto no interior como no fundo, por pintura a goma-laca vermelha sobre a teca, um dos aspectos mais curiosos deste cofre, produzido, à semelhança de outros exemplares, como guarda-jóias (peça de cariz nupcial),é o revestimento interior a chapa de chumbo, que indica a sua ulterior utilização como relicário, um uso final, de resto, comum a outros exemplares remanescentes.

A origem indiana desta produção centrada entre Cambaia e Surate no actual estado do Guzarate está plenamente comprovada, não só por ampla evidência documental, mas também pela sobrevivência de estruturas quinhentistas em madeira cobertas por mosaico de madrepérola.

Bacias, taças de beber, pratos, taças, copos, garrafas, jarros e gomis, replicam na madrepérola protótipos europeus em estanho ou prata levados pelos primeiros portugueses a chegar à costa ocidental indiana, da mesma forma como os cofres, tais como o presente exemplar, replicam modelos europeus bem conhecidos, caso dos cofres franceses em cuir bouilli de tampo trifacetado como o presente.

As tesselas de madrepérola eram ora fixas e coladas umas às outras com pinos de latão (mas também de ferro ou prata),por vezes com bandas interiores em latão que servem de estrutura a tesselas colocadas de um e outro lado no caso das peças tridimensionais —, ou a uma estrutura de madeira ou alma no caso dos pratos e salvas de maior dimensão, cofres e pequenas arquetas.

Produzidos sob encomenda portuguesa para exportação na Europa, os primeiros exemplares a chegar a Lisboa foram certamente destinados à corte e casa real e às colecções principescas da época tal como surgem registados nos inventários remanescentes.

As primeiras peças documentadas, tanto como podemos saber, encontram-se registadas no inventário post mortem do rei Manuel I (r. 1495 – 1521) referente à sua guarda-roupa: Hū cofre da Imdia marchetado de raiz daljofre com dezoito chapas de prata.

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